Quem nos vê em vestes sociais, terninho e salto alto, não imagina as situações que nós, advogados(as), enfrentamos cotidianamente.
A começar que lidamos com muita desigualdade, desamparo, injustiça e tristes histórias de quem nos procura quando não vê “luz no fim do túnel”.
Não raras as vezes me emociono com a vida dos clientes. E só quem nasceu para advogar sabe o quão salutar é se envolver, afinal como vou buscar um direito se nele não acredito?
Assim, não me importo em dormir pensando, sonhar com o caso, trabalhar até de madrugada ou acordar no meio da noite concatenando as ideias. Faz parte de se entregar à advocacia.
Claro que cada profissão tem suas próprias dificuldades, mas algumas, apesar de inaceitáveis, são comuns: como a situação de ser desrespeitado(a) no exercício da profissão, em que a igualdade e inexistência de hierarquia garantidas pela Constituição Federal nem sempre são respeitadas pelas autoridades (e posso dizer com propriedade porque já me ocorreu).
Entretanto, nem só de dissabores vive o advogado!
Pese embora os embaraços, ADVOGAR É INCRÍVEL, pois há muito mais momentos de satisfação em buscar o direito das pessoas do que situações de percalços.
Só quem já saiu da audiência com a “alma lavada” sabe do que estou falando. E ainda que dê aquele friozinho na barriga antes de entrar na sala de audiência, quando acaba você fica com o sentimento de dever cumprido. O mesmo ocorre quando vou dar uma excelente notícia ao cliente – que está há anos esperando minha ligação – para contar a decisão final do processo.
A advocacia também é gratificante quando ouvimos do cliente aquele tão sincero “muito obrigado”, ou quando me fala “ainda bem que te encontrei, Dra”. Tenho clientes que até hoje me veem na rua e me abraçam. Pessoas que nunca foram bem tratadas até entrar no escritório, porque se tem algo que aprendi com meus pais foi sobre tratar bem as pessoas, independentemente de quem seja. Escrevo isso com os pelos arrepiados e com os olhos cheios de lágrimas porque sei que na vida de algumas pessoas já fiz a diferença e trouxe a Justiça.
Dias atrás, ouvi de uma amiga – excelente advogada inclusive – que ela veio para esse mundo para promover a Justiça, e faço das palavras dela as minhas: eu também estou aqui para isso, para buscar reparação aos desamparados, para me inspirar com cada história, para lutar pela Justiça, para reduzir a desigualdade e para tentar, de alguma forma, curar feridas.
Ressalto que o melhor de tudo é sentir gratidão ao cuidar minuciosamente de cada caso, tratando o processo do cliente menos favorecido com tanta importância e zelo daquele cliente mais abastado.
Tudo isso me traz paz e a certeza de que advogo por amor!
Descalvado, 27 de setembro de 2019.
THAÍS PEREIRA DA COSTA
Advogada por vocação
